Fico à espera de uma coisa que pode nunca chegar, de uma coisa que pode nunca acontecer. Enquanto espero que aconteça, o mundo à minha volta continua a mover-se, a vida continua mas eu continuo à espera do Expresso, da viatura número 35 com destino...bem, ao destino! O autocarro aproxima-se mas ainda não consigo ver qual é o destino. Será Porto? Ou é Lisboa que está escrito no painel? Não sei... até podia ser Coimbra ali escrito ao cantinho, mas ainda não está no meu horizonte, talvez daqui a um mês, talvez.
Entretanto, estou aqui parada. Antecipo uma grande viagem e por isso quero parar o tempo durante algum tempo e deixar-me levar pois, agora sim, tenho a liberdade para o fazer mas sinto que não estou no sítio certo à hora certa mas sim no sitio errado e no momento errado. Sinto-me presa no tempo, embora não queira que ele passe, só gostava que não passasse quando estivesse no local correcto, com as pessoas certas.
O autocarro está quase a chegar, faltam 31 minutos e com a proximidade da viagem chegam as saudades. Apertam-me o coração, dói um pouco, mas é uma boa dor, significa que deixamos para trás pessoas que valeram a pena, pessoas que partilharam bons momentos connosco e que superaram os maus. As outras, bem, dessas não há saudades se houver é apenas pena das coisas não terem resultado melhor para nós.
No terminal estão como eu outros viajantes, caras conhecidas, amigos e amigas, prontos também a embarcar numa viagem muito parecida à minha, com a diferença de ser a deles. Ficam também para trás outros que amamos mas que não partem, ficam, a vida deles cumprida ou não, mas lá estão eles... Serão eles a acenar-me com o coração nas mãos e uma lágrima ou duas nos olhos. A saudade aperta e ainda nem sequer parti...
Espero agora, no terminal nº8, espero e desespero, sempre odiei esperar que a vida viesse até mim, rápido e eficaz é o meu lema mas agora sou contrariada e talvez por isso me pareça que o tempo passe tão devagar ou talvez eu esteja a adiar a despedida... não sei, talvez, veremos o que será de mim e da minha vida.
É uma viagem, é a minha viagem, fá-la-ei só, mas é assim que tem que ser, não há outra maneira. Por isso ainda espero, no terminal, pelo autocarro. Já só faltam 30 minutos...
sábado, agosto 14, 2010
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1 criticas construtivas:
Surpresa ficarás tu quando o autocarro chegar e deparares comigo no lugar junto ao teu. Quer seja Porto ou Lisboa ou Coimbra ou o raio-que-o-parta, eu estarei lá.
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