domingo, abril 18, 2010

Só e Zinha

Só. É esta a única palavra que descreve o meu estado actual. Estou só...zinha. Sei o porquê e no entanto pergunto na mesma: Porquê? Mais uma pergunta sem resposta, mais uma coisa que nunca virei a saber por mais anos que viva. Estou só e não estou. Mas mesmo não estando só, é difícil perceber porque é que continuo a sentir-me assim. Aliás, não é assim tão difícil. Estou só porque não há ninguém que me compreenda totalmente ou que esteja sempre comigo. Não culpo ninguém, mas o raciocínio das almas gémeas está sempre presente. Bucha e Estica, Bonnie and Clyde, Blair and Serena, até ao mais remoto Piu Piu e Gastão. E eu? Eu sou apenas uma mera Jane Doe, ou melhor, nem sequer Jan Doe chego a ser visto que mesmo ela tem o seu John Doe. Eu não sou para ninguém, pensava que sim, mas não. É verdade que prefiro estar só do que ser uma mera serva de alguém mas eu também tenho os meus defeitos e são esses que me enterraram neste caixão. Continuo à procura daquela ou daquele melhor amigo, do que me põe em primeiro lugar e que nunca me deixa estar sozinha, aquele que faz um esforço por nós. Não sei se é a distância ou se sou eu, ou se são os 2 mas o facto é que não encontro ninguém. Talvez por isso dê atenção a todas as pessoas de maneira igual e talvez não devesse dar, possivelmente já teria um(a) melhor amigo(a) mas isso não interessa. Talvez seja carma, talvez seja o meu destino estar sozinha para o resto da minha vida mas ao menos deixem-me partir, deixem-me correr o mundo e viver aventuras pois prefiro estar só do que mal acompanhada e prefiro morrer sozinha mas feliz do que sozinha e presa nestas masmorras que eu própria criei. Um dia quero partir, ir por esse mundo fora ajudar os outros, quero ir sozinha já que ninguém acredita que o consigo fazer mas fá-lo-ei. Esta é a minha filosofia, se uns dizem sim, eu digo não, se dizem que não consigo, eu tento conseguir ou falho a tentar, mas tento. Talvez por isso esteja só, por ninguém compreender realmente o que vai dentro da minha cabeça. Não os censuro, às vezes nem eu percebo muito bem, mas começo a compreender-me melhor. Pensar é dor, mas eu devo ser masoquista por continuar a fazê-lo e, de facto, devo mesmo sê-lo e secalhar não conseguem perceber o porquê e sou mais uma vez uma estranha. Sempre o fui. Não sinto que pertenço, não me sinto bem em nenhum dos dois lugares que me servem de referência no momento mas também não consigo sentir. Não pertenço à terra onde vivo, o meu coração despegou-se dela a partir do momento em que tomei consciência. Também não pertenço à terra onde estudo pois lá não tenho um lar, não tenho família, não tenho raízes e prefiro que seja assim. Estou condenada a uma vida de estrangeirada, não sou de local algum, estou sempre de passagem, sempre de um lado para o outro com a mala atrás. Ainda estou à espera do meu lar, daquela terra onde sinto que, sim senhora, aqui vale a pena dizer: eu sou daqui. Estou à espera que me acolham mas também estou à espera que me deixem acolher. Continuo à espera mas também à procura porque as coisas não vêem até nós facilmente, é preciso também procurá-las. Talvez um dia se cruze no meu caminho aquela pessoa que nunca me vai deixar só nas horas de almoço, aquela pessoa que me acompanha para todo o lado, que me vai buscar à sala de aula, que partilha comigo tudo e me ouve, uma pessoa que se zanga comigo quando preciso mas que também sabe perdoar, alguém que tenha defeitos mas que seja honesto, alguém que pode descarregar em mim e em quem eu posso descarregar sabendo que, no momento seguinte, já estaremos a rir e a combinar ir ver um filme ou estudar juntos. Alguém que a distância e o tempo não afastem, alguém que queira vir passar um fim de semana comigo e com quem eu passe o fim de semana. Mas esse alguém, onde está? É esta a minha sina, é isto que me faz sentir só por mais amigos que tenha. Talvez um dia, talvez...

1 criticas construtivas:

Anónimo disse...

Não é a tua sina. Confia em mim, não é. Olho ao meu redor e vejo um relativo número de pessoas que me acompanham, porém, nem sei bem porquê, naqueles momentos menos saborosos enfrento a solidão. Eu sempre fui assim - íntima de mim mesma. Mas ontem, ontem não, ontem precisei de alguém, assim como tu descreves neste texto. E o mundo fechou-se, não havia ninguém. Confesso que tenho reparado em ti. Um pouco mais depois deste texto. Não por compaixão, mas por união, por saber o que é, sei lá. Vejo-te acompanhada, vejo-te sorridente. Mas também te vejo sozinha, e vejo-te de dentes cerrados. Entrega-te à vida, permite-te ser feliz. E lembra-te, (acho que estás no 12ºano) mais umas semanas e estás fora daqui. Quem sabe, a merecida libertação. Estou a torcer por ti.

[ainda bem que isto vai anónimo, não teria tomates para escrever-te isto se soubesses quem sou.