sábado, junho 20, 2009

Dádiva

Sou a mulher mais pobre do mundo
mas, no fundo sei,
que só o sou
porque, a este mundo,
tudo dei.

Dei suor,
lágrimas,
e restos de dor,
Dei-lhe risos,
felicidade,
orgulho e amor.

Tanto dei,
que julguei, então,
sem nada ter ficado,
Só que o mundo,
cruel vagabundo,
não se deu por contentado,
Arrancou-me tudo quanto era bom,
Despiu-me, maltratou-me, sujou-me.

Fiquei pobre,
de tudo o que dei,
apenas me restam cinzas e restos,
e foi com isto que fiquei
mais o meu coração.

Apesar de tudo ter dado,
apercebi-me, depois,
de, lá no fundo,
estar guardado,
dentro do coração,
bem fechado,
tudo aquilo que de bom há:
amizade, felicidade,
bondade,verdade,
bons e maus momentos:
toda uma vida intacta,
conservada apesar das adversidades,
dos choques, sofrimentos,
roubos e outras maldades.

Foi aí que compreendi,
que pobre nunca fui,
nem nunca serei,
tenho em mim guardadas
as maiores riquezas e tesouros
jamais imaginadas.

São elas que fazem de mim
lá no fundo
A mulher mais rica do mundo.

0 criticas construtivas: