sábado, agosto 28, 2010

Trainspotting


Choose life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television, Choose washing machines, cars, compact disc players, and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol and dental insurance. Choose fixed- interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. Choose leisure wear and matching luggage. Choose a three piece suite on hire purchase in a range of fucking fabrics. Choose DIY and wondering who you are on a Sunday morning. Choose sitting on that couch watching mind-numbing sprit- crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pishing you last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked-up brats you have spawned to replace yourself. Choose your future. Choose life... But why would I want to do a thing like that?

I chose not to choose life: I chose something else. And the reasons? There are no reasons. Who need reasons when you've got heroin?

Queres saber o fim deste filme? Atreve-te a ver...

quarta-feira, agosto 25, 2010

Let it go...

Nathaniel Fisher: You hang on to your pain like it means something. Like it's worth something. Well, let me tell you - it's not worth shit. Let it go! Infinite possibilities, and all he can do is whine.

David Fisher:
Well, what am I supposed to do?

Nathaniel Fisher:
What do you think? You can do ANYTHING, you lucky bastard - you're alive! What's a little pain compared to that?

David Fisher:
It can't be that simple.

Nathaniel Fisher:
What if it is?

(What if it is that simple and I'm just missing the point? Could it be? Maybe...)


sexta-feira, agosto 20, 2010

"Sodade"

Saudade é um sentimento que devora por dentro. Começa no coração. É como um veneno que queima por dentro e depois pela artéria pulmonar segue para os pulmões e deixa-nos sem respiração, ficamos sem oxigénio e começa a dor. É como se nos faltasse o ar, com a excepção que não é ar que nos falta, mas sim alguém, ou algo. Sem o oxigénio, a cabeça começa a andar à roda e os sentidos baralhados. Parece mentira, mas não é.
São saudades...



[O tempo não pára, só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo... ]

segunda-feira, agosto 16, 2010

A thought...


Sometimes in life you can not win. You have to lose games in order to realise your mistakes and change, while you can...

sábado, agosto 14, 2010

Terminal nº8

Fico à espera de uma coisa que pode nunca chegar, de uma coisa que pode nunca acontecer. Enquanto espero que aconteça, o mundo à minha volta continua a mover-se, a vida continua mas eu continuo à espera do Expresso, da viatura número 35 com destino...bem, ao destino! O autocarro aproxima-se mas ainda não consigo ver qual é o destino. Será Porto? Ou é Lisboa que está escrito no painel? Não sei... até podia ser Coimbra ali escrito ao cantinho, mas ainda não está no meu horizonte, talvez daqui a um mês, talvez.

Entretanto, estou aqui parada. Antecipo uma grande viagem e por isso quero parar o tempo durante algum tempo e deixar-me levar pois, agora sim, tenho a liberdade para o fazer mas sinto que não estou no sítio certo à hora certa mas sim no sitio errado e no momento errado. Sinto-me presa no tempo, embora não queira que ele passe, só gostava que não passasse quando estivesse no local correcto, com as pessoas certas.

O autocarro está quase a chegar, faltam 31 minutos e com a proximidade da viagem chegam as saudades. Apertam-me o coração, dói um pouco, mas é uma boa dor, significa que deixamos para trás pessoas que valeram a pena, pessoas que partilharam bons momentos connosco e que superaram os maus. As outras, bem, dessas não há saudades se houver é apenas pena das coisas não terem resultado melhor para nós.

No terminal estão como eu outros viajantes, caras conhecidas, amigos e amigas, prontos também a embarcar numa viagem muito parecida à minha, com a diferença de ser a deles. Ficam também para trás outros que amamos mas que não partem, ficam, a vida deles cumprida ou não, mas lá estão eles... Serão eles a acenar-me com o coração nas mãos e uma lágrima ou duas nos olhos. A saudade aperta e ainda nem sequer parti...

Espero agora, no terminal nº8, espero e desespero, sempre odiei esperar que a vida viesse até mim, rápido e eficaz é o meu lema mas agora sou contrariada e talvez por isso me pareça que o tempo passe tão devagar ou talvez eu esteja a adiar a despedida... não sei, talvez, veremos o que será de mim e da minha vida.

É uma viagem, é a minha viagem, fá-la-ei só, mas é assim que tem que ser, não há outra maneira. Por isso ainda espero, no terminal, pelo autocarro. Já só faltam 30 minutos...

quinta-feira, agosto 12, 2010

Eu quero!

Queres ser Médico meu Filho?

É uma aspiração de uma alma generosa, de um espírito ávido de ciência. Desejas que os homens te tomem por um Deus que alivia os seus males e afugenta os medos? Pensaste bem no que vai ser a tua vida? Terás que renunciar à vida privada; enquanto que a maioria dos cidadãos, terminado o seu trabalho, podem isolar-se dos importunos, a tua porta permanecerá sempre aberta para todos; a qualquer hora do dia ou da noite virão perturbar o teu descanso, os teus prazeres, a tua meditação; não terás horas para dedicar à tua família, à amizade ou ao estudo; já não te pertencerás. Os pobres acostumados a padecerem, só te chamarão em caso de urgência; mas os ricos tratar-te-ão como um escravo encarregado de remediar os seus excessos; seja porque têm uma indigestão, seja porque estão com um catarro; farão com que te despertem a toda a pressa, desde que sintam a menor inquietação, pois estimam demasiado a sua pessoa. Terás de mostrar interesse pelos pormenores mais vulgares da sua existência, decidir se devem comer vitela ou cordeiro, se devem andar deste ou daquele modo quando passeiam. Não poderás ir ao teatro, nem estar doente; terás que estar sempre pronto para ir à primeira chamada do teu amo. Eras severo na escolha dos teus amigos; procuravas a companhia dos homens de talento, de artistas, de almas delicadas; mas de agora em diante não poderás afastar os fastidiosos, os escassos de inteligência, os desprezíveis. O desonesto terá tanto direito à tua assistência como o homem honrado; prolongarás vidas nefastas e o segredo da tua profissão proibir-te-á de impedir crimes de que serás testemunha. Tens fé no teu trabalho para conquistares uma reputação; tem presente que te julgarão, não pela tua ciência, mas por casualidade do destino, pelo corte da tua capa, pela aparência da tua casa, pelo número dos teus criados, pela atenção que dedicares às conversas e aos gostos da tua clientela. Haverá quem desconfie de ti se não fazes a barba, Outros porque não vens da Ásia; outros porque acreditas nos deuses; outros, porque não acreditas neles. Gostas da simplicidade; terás de adotar a atitude de um augur (adivinho). Eras ativo, sabes o que vale o tempo, mas não poderás revelar fastídio nem impaciência; terás que suportar relatos que começam no princípio dos tempos para te explicarem uma cólica; serás consultado por ociosos que só querem conversar. Serás o vazadouro do seu mundo de vaidades. Sentes a paixão pela verdade, mas já não poderás dizê-la. Terás que ocultar a alguns a gravidade do seu mal; a outros a sua insignificância, pois lhes desagradaria. Terás que ocultar segredos que possuis, consentir em parecer enganado, ignorante, cúmplice. Embora a Medicina seja uma ciência obscura que os esforços dos seus fiéis vão iluminando de século para século, nunca te será permitido duvidar, sob pena de perder todo o crédito. Se não afirmas que conheces a natureza da doença, que possuis um remédio infalível para curá-la, o povo irá procurar charlatães que vendem a mentira de que precisa. Não contes com agradecimento: quando o doente se cura, isso é devido à sua robustez; se morre, foste tu que o mataste. Enquanto está em perigo, trata-te como um deus, suplica-te, promete-te, enche-te de honras; assim que está convalescente, já o estorvas; quando se trata de pagar os cuidados que lhe prodigalizaste aborrece-se e maldiz-te. Quanto mais egoístas são os homens, maior solicitude exigem. Não contes ficar rico com esse ofício tão penoso. Já to disse: é um “sacerdócio” e não será decente ver nele a ganância como a que se vê num azeiteiro ou num vendedor de lã. Tenho pena de ti se sentes admiração pela beleza; verás o mais feio e repugnante que existe na espécie humana: todos os teus sentidos serão mal tratados.
Encostarás o teu ouvido contra o suor de peitos sujos, respirarás o odor de habitações miseráveis ou os perfumes gastos das cortesãs, hás de palpar tumores, tratar chagas verdes de pus, contemplar urinas, observar expectorações, olhar e cheirar imundices, meter o dedo em muitos sítios. Quantas vezes, num dia formoso, cheio de sol e perfumado, ao sair de um banquete ou de uma peça de Sófocles, te hão de chamar para um homem com dores no ventre, que te apresentará uma bacia nauseabunda e te dirá satisfeito... Ainda bem que tive o cuidado de não a deitar fora. Recorda, então, que aquela dejecção deverá merecer o teu interesse. Até a própria beleza da mulher, consolação do homem, se desvanecerá para ti. Vê-las-ás de manhã desgrenhadas, desencantadas, desprovidas das suas belas cores e esquecendo sobre os móveis parte dos seus atractivos. Deixarão de ser deusas para se converterem em pobres sofrendo de misérias sem graça. Sentirás por elas menos desejo que compaixão. Quantas vezes te assustarás ao veres um crocodilo adormecido no fundo da fonte dos prazeres! O teu ofício será para ti uma túnica de Neso. Na rua, nos banquetes, no teatro, mesmo na tua casa, os desconhecidos, os teus amigos, os teus parentes, falar-te-ão dos seus males para te pedirem um remédio. O mundo parecer-te-á um enorme hospital, uma assembléia de indivíduos que se queixam. A tua vida decorrerá na sombra da morte, entre a dor dos corpos e das almas, entre o cálculo e a hipocrisia, que se juntarão à cabeceira dos agonizantes. Ser-te-á difícil conservar uma visão consoladora do mundo. Descobrirás tanta fealdade por baixo das mais belas aparências, que há de demolir toda a confiança na vida e todo o gozo será envenenado. A raça humana é um Prometeu rasgado por abutres. Estarás só nas tuas tristezas, só nos teu estudos, só no meio do egoísmo humano. Nem sequer encontrarás apoio entre os médicos, que se guerreiam por interesse ou por orgulho. A consciência de aliviar males te consolará nas tuas fadigas, mas duvidarás se é acertado prolongar a vida de homens atacados por males incuráveis,crianças doentes que não têm nenhuma possibilidade de ser felizes e que transmitirão a sua vida triste a outros seres que serão ainda mais miseráveis. Quando, à custa de muito esforço, tiveres prolongado a existência de alguns velhos ou de crianças disformes, virá uma guerra que destruirá o mais são e mais robusto que existe na cidade. Encarregar-te-ão então de separar os débeis dos fortes, para salvar os débeis e enviar os fortes para a morte. Pensa bem nisto enquanto estás a tempo. Mas se, indiferente à fortuna, aos prazeres, à ingratidão, se, sabendo que te verás sozinho entre as feras humanas, tens uma alma bastante estóica para te satisfazeres com o dever cumprido, sem ilusões; se te julgas bem pago com a palavra de uma mãe, com um rosto que sorri porque já não sofre, com a paz de um moribundo a quem ocultas a chegada da morte; se desejas conhecer o homem, penetrar em toda a tragédia do seu destino, faz-te médico, meu filho".

Texto pré-hipocrático

E a versão de hoje...
Queres ser médico hoje? Aspiração esta de uma alma generosa, de um espírito ávido de ciência. Desejas que os homens te tenham como um deus, que alivia os seus males e afugenta deles o medo? Já pensaste bem no que há de ser a tua vida? Terás de renunciar à tua vida privada. Enquanto que todos os cidadãos quando terminam o seu dia de trabalho não são mais importunados, a tua porta ficará aberta a todos, a toda hora do dia e da noite virão perturbar o teu descanso, teus prazeres, ou a tua meditação. Já não terás horas para dedicar à tua família, à amizade ou ao estudo. Já não pertencerás a ti mesmo… Os pobres, habituados a padecer não te chamarão a não ser em caso de urgência. Mas os ricos te tratarão como um escravo, seja por terem uma indigestão, uma constipação, fazendo-o por isso despertar toda a pressa. Terás de mostrar interesse pelos pormenores mais vulgares da tua existência, decidir o que hão de comer, ou como hão de andar quando passeiam… Não poderás ir ao teatro nem estar doente… Eras severo na escolha dos teus amigos; procuravas homens de talentão, artistas e almas delicadas; à partir daqui não poderás evitar indivíduos aborrecidos, com pouca inteligência e desprezíveis. Prolongar vidas nefastas é o segredo da tua profissão. Tens fé no teu trabalho para conquistar tua reputação, julgar-te-ão não pela tua ciência, mas por casualidades do destino, pelo corte de tua capa, pela aparência da tua casa, pelo número dos teus criados. Sentes a paixão da verdade e já não a podes dizer. Terás de ocultar a alguns a gravidade do mal, a outros a insignificância. Terás que ocultar segredos que possuis, consentir em pareceres burlado, ignorado e cúmplice. Não contes com o agradecimento, quando o doente se cura, a cura é devida a sua robustez; se morre, foste tu que o mataste. Enquanto está em perigo, trata-te como um Deus, suplica-te, promete-te. Se está em convalescência, já o estorvas. Quando se trata de te pagar torna-se indiferente. Quanto mais egoístas são os homens, mais cuidados exigem. Não penses que esta profissão te torna rico: é sacerdócio. Todos os teus sentidos serão maltratados. Terás de mostrar o teu ouvido a peitos sujos e com suor, respirar maus cheiros, palpar tumores, curar chagas cheias de pus, contemplar urinas… Na rua, nos banquetes, no teatro, na cama, os desconhecidos, os teus amigos, te falarão das suas doenças e te pedirão um remédio. O mundo te parecerá um grande hospital, uma assembleia de indivíduos que se queixam. A tua vida decorrerá na sombra da morte, entre a dor dos corpos e das almas, dos duelos de hipocrisia, que calculas na cabeça dos agonizantes. Ser-te-á difícil conservar uma visão consoladora do mundo. Tu viverás só na tua tristeza, só nos teus estudos, só no meio do egoísmo humano. Não encontrarás apoio entre os médicos, que te farão uma surda guerra por interesse ou por orgulho. A consciência de aliviar males sustentar-te-á nas tuas fadigas, mas decidirás se é acertado manter vivos homens atacados de mal incurável, crianças com doenças que não têm possibilidade de serem felizes, ou aqueles que transmitirão a sua triste vida, tornando-os ainda mais miseráveis. Quando, à custa de muitos esforços, prolongaste a vida de velhos ou crianças disformes, virá uma guerra que destruirá os mais sãos e robustos. Então te encarregarão de separar os fortes dos fracos, salvando-se estes e enviando-se os fortes para a morte.Mas se fores indiferente à fortuna, aos prazeres, a ingratidão, se sabendo que te verás só entre feras humanas, se tens uma alma bastante estóica para se satisfazer com o dever cumprido e sem ilusões, se te julgares pago com a felicidade de uma mãe, com uns lábios que sorriem porque já não sofrem, com a paz de um moribundo a quem conseguiste ocultar a chegada da morte, se anseias conhecer o homem, penetrar-te em todo o trágico do seu destino, então faz-te médico, hoje mesmo.

Falta pouco para começar :')